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Publicado em 27/12/2017

27/12/2017 - Outros

Jumanji se atualiza para atrair as novas gerações

Jumanji original, o filme de 1995, se tornou, com o tempo, um dos exemplos máximos de um subgênero do cinema, o “filme de família”. A história, inspirada num livro infantil homônimo de 1982, mostrava duas crianças órfãs que encontravam um jogo de tabuleiro mágico que transportava elementos do mundo de Jumanji, uma selva em algum lugar da África, para o presente. Jumanji foi um dos maiores sucessos da carreira do ator Robin Williams, morto em 2014, e se tornou um chamado “clássico da Sessão da Tarde”, aquele típico filme que geralmente envolve personagens crianças e temáticas leves, desprovidas de qualquer polêmica. Diversão inofensiva.

Uma continuação para Jumanji rodada 20 anos depois do original deveria levar em conta, portanto, a transformação de seu público – não apenas o envelhecimento daquelas crianças que formaram a plateia do filme original, mas principalmente da transformação do que era uma criança no meio dos anos 1990 para o que é ser uma criança no mundo de hoje.

Este é o maior desafio de Jumanji: Bem-Vindo à Selva, que está em cartaz no Brasil. A criança de 1995 que era fã do Jumanji original é, hoje, no mínimo, um jovem adulto, faixa etária que foge ao público-alvo do filme. E gags como as do filme original parecem não fazer muito sentido para uma criança crescendo nos anos 2010. Essa criança mudou e não é mais tão inocente quanto aquela que se esborrachava de rir da penca de macacos alucinados aprontando pela cidade.

Bem-Vindo à Selva, então, é diferente de uma continuação tardia de um sucesso do passado (como foi Blade Runner). Também não é um remake (O Vingador do Futuro ou Robocop) e nem exatamente um reboot (Quarteto Fantástico, Tomb Raider) do original. Jumanji: Bem-Vindo à Selva é um filme novo, que se apropria de alguns códigos de seu antecessor, mas propõe um diálogo diferente daquele que fez o filme de Robin Williams um sucesso.

Química do elenco

A começar pelo seu protagonista. Quem estrela Jumanji: Bem-Vindo à Selva é Dwayne “The Rock” Johnson. Assim, o humor infantilizado e inseguro de Robin Williams dá lugar à figura descolada e que sabe rir de si mesma de Johnson (há algum tempo o ator mais bem pago de Hollywood). Mais do que isso: Johnson vem para Jumanji acompanhado de um bom elenco de apoio, especialmente Jack Black e Kevin Hart, dois pesos pesados da comédia hollywoodiana, e a talentosa atriz escocesa Karen Gillan (de Os Guardiões da Galáxia), além do astro teen Nick Jonas – este de brilho menor que seus colegas.

Se no primeiro Jumanji os eventos do jogo invadiam a realidade, Bem-Vindo à Selva parte de uma premissa um pouco diferente, mais ligada à história do personagem de Williams no filme original: agora os jogadores são transportados para a selva de Jumanji e precisam, da mesma forma, terminar o jogo para acabar com a “maldição”.

A maior graça é que esses novos jogadores – quatro adolescentes que estão presos na “detenção” da escola (mesma premissa de clássicos juvenis como O Clube dos Cinco) – não são transportados diretamente para Jumanji. Jumanji, o jogo, agora é um videogame, e cada jogador escolhe um personagem para começar a partida. Esses personagens servirão como avatares dos adolescentes na selva encantada.

A premissa é divertida: o nerd com dificuldade de fazer amigos se transforma no fortão charmoso; a bonitona da escola vira um cientista homem obeso de meia idade; o jogador de futebol americano passa a ser o ajudante do protagonista; a menina insegura encarna uma sedutora “matadora de homens”. Em sua jornada, os personagens vão conhecendo as habilidades de seu avatar à medida que percebem que suas experiências do mundo “real” também os ajudarão a evoluir.

Desafios atuais

Um dos elementos mais simbólicos da atualização do filme está, justamente, no jogo. Ou, mais precisamente, em seu suporte. O novo Jumanji não é mais um jogo de tabuleiro, mas um videogame. Um videogame antigo (da época, aliás, do filme original), mas, ainda assim, mais próximo da meninada. Os personagens também precisam superar desafios particulares mais conectados ao mundo de hoje, como o da menina que se esforça para ser popular nas redes sociais e se incomoda quando o namorado não “curte” sua foto 20 minutos depois de ela tê-la postado.

Mas essa ambientação toda serve apenas para atrair o público certo. Da mesma forma que o Jumanji de 1995 acertou quando escalou um Robin Williams no auge de seu carisma (e investiu no que eram, então, efeitos especiais de última geração – para levar uma manada de animais selvagens a invadir um subúrbio de cidade americana), o novo Jumanji encontra na química dos atores seus maiores predicados. Dawyne Johnson não é só uma montanha de músculos. Ele sabe interpretar bem um adolescente inseguro que desconhece suas próprias habilidades. E Jack Black é um ator bom o suficiente para não fazer sua interpretação de uma personagem adolescente virar caricatura pura. O Clube dos Cinco da selva dá um jeito de se dar bem.

Jumanji: Bem-Vindo à Selva mantém o legado de seu antecessor de ser um filme voltado à diversão de toda a família. Mas essa família de 2017 não tem exatamente os mesmos valores daquela de 1995. Ou, ao menos, não as mesmas referências. E, nisso, o novo filme acerta. Ele sabe com quem está falando. E, principalmente, sabe ser divertido fazendo isso, mostrando que não adianta mais fazer uma comédia inocente da mesma forma que se fazia há 20 anos. Como diriam os jovens, a fila anda.

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