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Publicado em 30/08/2017
Ele uniu os Smiths e viu o punk nascer: Billy Duffy fala de show em Curitiba e “tensão criativa” no The Cult
Antes de fundar, em 1983, o The Cult, hoje lendária banda inglesa de rock que vem à Curitiba no próximo dia 19 de setembro, o guitarrista Billy Duffy já tinha muita história para contar. Duffy nasceu e cresceu em Manchester, a cidade industrial no noroeste da Inglaterra que se tornou o epicentro do rock nas três últimas décadas do século XX.
O guitarrista foi protagonista de alguns momentos notáveis na história da cidade. Duffy viu o primeiro show dos Sex Pistols e também o primeiro show dos Buzzcocks (ainda guarda o ingresso) por lá.E foi também o responsável por apresentar – durante um show de Patti Smith – o guitarrista Johnny Marr ao vocalista Morissey, dois de seus amigos que poucos meses depois formariam o The Smiths. “Sim, foi assim que aconteceu. Eu ainda sou muito amigo de Johnny [Marr], mas não vejo o Morissey há muito tempo.
Ele lembra que chegou tocar com Morissey em uma de suas bandas adolescentes, mas que não conseguiria fazer parte de uma banda como The Smiths. “Nem pensei nisso. Já tinha problemas demais montando minha própria banda (brinca). Acho que meu trabalho era esse mesmo, apresentar estes caras um ao outro”.
Billy não sabe dizer o que havia na “água de Manchester” naqueles dias, mas diz ter sido um privilégio de ver a cidade se transformar. “Ate 1976 a cidade era morta. Nada acontecia. Então toda uma geração como eu, Morissey, os caras do New Order…Todos experimentamos juntos aquele momento catártico do punk rock”.
Para ele, o punk surgiu em Nova York e explodiu em Londres, mas sua turma “pegou a coisa muito rápido e a reinterpretou”. “Nós montamos nossa própria versão. Para mim, foi muito bom poder ter estado lá. Era a hora certa para tudo acontecer”. Billy Duff, seu parceiro e vocalista Ian Astbury e o The Cult tocam em Curitiba numa terça-feira (19) em um show que terá abertura do Alter Bridge.
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O show faz parte da turnê promocional do álbum Hidden City, lançado ano passado. Esta será a terceira vez da banda em Curitiba, as outras foram em 2006 e 2011. Ele diz ter uma memória “muito boa da cidade”. “Confesso que quando eu fui pela primeira vez à Curitiba, nunca tinha ouvido falar [da cidade]. Então eu vi: ‘ei, que cidade legal. Os caras adoram nossa música’. Hoje, as bandas todas sabem disso e fazem questão de, quando estão em São Paulo, tentar achar uma data também aí”, revela.
Formada em 1983, com visual e sons soturnos próprios do período gótico do pós-punk, o grupo de fato, faz um hard rock que fez muito sucesso no Brasil com hits como She Sells Sanctuary, Lil' Devil e Fire Woman.
A formação que vem à Curitiba tem, além da dupla Duffy & Astbury, o baixista Grant Fitzpatrick e o baterista John Tempesta. “Estou muito satisfeito com a formação da banda no momento”. Duffy explica que o segredo para manter o grupo renovado depois de mais de 35 anos é continuar compondo.
“Escrever novas músicas é o que mais ajuda, é como uma transfusão de sangue”. Quem conhece a história da banda sabe que sempre houve uma espécie de “tensão criativa” entre ele e Ian. Duffy reconhece e diz que foi isso que impulsionou o The Cult nestes anos todos.
“A coisa com o The Cult é que nós escrevemos as canções juntos. Não há divisão entre as minhas canções e as dele. Às vezes com uma influência maior de um ou de outro, talvez daí venha a ideia de tensão. Às vezes é difícil, mas em geral faz bem para a nossa música”.
Bobagens no YouTube
Ele diz que compor ficou mais fácil, hoje quando não há a pressão dos contratos das gravadoras, mas diz sentir falta do tempo em que lançar discos era o objetivo maior dos artistas e a grande expectativa dos fãs.
“As coisas mudam”, reconhece. “Hoje, as pessoas esperam música nova da maneira mais barata possível, só isso que importa. Isso banaliza a arte e, de certa forma, é uma vergonha. As música costumava ser fundamentais na vida das pessoas que hoje parecem preferir ficar vendo besteiras no YouTube, não usar mais a imaginação”, lamenta.
Apesar de tudo, ele diz que nunca vai deixar o The Cult enquanto viver. “Nós escolhemos fazer as coisas juntos. É uma banda baseada em liberdade. Nós abemos que o The Cult é especial e queremos mantê-lo assim”.