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Publicado em 17/04/2024
Como a torra influencia o sabor do café que você toma
Do Café verde ao escuro: o que a torrefação tem a ver com a pureza do café que você está consumindo? Leia mais aqui no Clube Gazeta.
Tem Café no Bule
Em 98% dos lares brasileiros, o dia só começa após um cafezinho. De acordo com a ABIC (Associação Brasileira da Indústria do Café), em 2023, o consumo de café per capita no Brasil foi de 5,12 kg. Em outras palavras, isso equivale a mais de 300 xícaras (200ml). Mas será que tanta cafeína é proporcional ao conhecimento a respeito do produto?
Antes de responder, pense: quanto mais escuro o café, melhor? Se você respondeu sim, errou. Pra entender, leia mais aqui.
A torra do café: cor, aromas e sabores. Saiba o que você está tomando
A torrefação é o processo de transformar grãos de café verde em grãos torrados. Durante a torrefação, os grãos são submetidos a altas temperaturas e, como resultado, passam por várias transformações químicas que afetam o sabor, o aroma e a cor do café.
Também é durante este processo que os açúcares e ácidos presentes nos grãos são caramelizados, criando uma variedade de sabores complexos.
Café e vinho
Entretanto, antes de avançar, precisamos entender que o café, assim como o vinho e a cerveja, também podem ser apreciados em suas sutilezas. Durante muito tempo, nós, consumidores brasileiros, bebemos cafés industrializados. Graças aos esforços da ABIC para autorregulamentar o mercado, surgiram mudanças em relação à qualidade dos produtos ofertados. Atualmente, há boas marcas entre as disponíveis nas gôndolas dos supermercados.
Também fomos apresentados a uma variedade de cafés selecionados, ou cafés gourmets. Com eles, sutilezas de sabor e diferentes resultados de torra. E descobrimos que o famoso pretinho, na verdade não é sinônimo de café.
Café verde e torras
Até pouco tempo, a torra do café servia para encobrir impurezas e, antes do Selo de Pureza Abic, fraudes e adulterações presentes nos grãos. O café cru, assim como a uva do vinho, traz em si características do próprio local onde foi plantado (terroir), microclima do local e processamento pós colheita. Isso faz com que o torrefador já tenha algumas informações importantes na hora do estudo de torra, trazendo ainda mais precisão.
Curva de torra
O intuito de se utilizar uma boa curva de torras é exatamente para estabelecer a temperatura e o tempo corretos para cada café, extraindo o melhor dos grãos.
Torra clara
A torra clara, por exemplo, traz ao café uma complexidade sensorial mais ácida, com notas aromáticas florais e frutadas. É uma bebida mais suave no paladar, mas muito complexa no aroma. Agradável e sempre surpreendente.
Torra média, a preferência nacional
A cor média é a preferida dos brasileiros, trazendo doçura, um pouco mais de intensidade caramelo e chocolate.
Torra escura e a relação com impurezas
Em relação aos cafés industrializados, é preciso que o consumidor fique atento. Geralmente a torra escura esconde possíveis impurezas do café. Ao ser exageradamente torrado, o grão mistura-se e esconde o sabor da palha, pau e outras impurezas adicionadas a ele e, por isso, a bebida final é bem preta e amarga.
Quando a torra escura é proposital
A torra escura padrão da Starbucks é muito comum para os americanos. Tem ainda mais intensidade e força, trazendo um amargor específico de torra. Um fator importante de se observar na torra escura é que ela precisa ser muito bem feita para se tornar mais agradável. Se passar do ponto, ela pode ser uma experiência negativa para quem toma, aquele famoso “gosto de queimado”, que, vale frisar, não é o gosto de café.
Conclusão
Cafés muito escuros e amargos podem esconder impurezas. Cafés de qualidade são saborosos e feitos para serem consumidos sem açúcar ou adoçantes. Ao escolher um café, leve em consideração o tipo de torrefação e a data de torra para obter a melhor qualidade e sabor.
Mergulhe na cultura do café com o Clube Gazeta: a cada quinze dias, conteúdos desenvolvidos em parceria com Daniel Munari, do Royalty Café. Acompanhe aqui e em nossas redes sociais.
Fontes:
Café: Um guia do apreciador (de Francisco A. Pino e Celso L. R. Vegro); História do Café (por Ana Luiza Martins);