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Publicado em 19/07/2023
Barbie Weird é tudo o que deu pra ser
Filme da Barbie acerta com referências, humor, reflexões e boa estratégia de reposicionamento da Mattel
Qual a sua expectativa em relação ao filme da Barbie com Margot Robbie? Se você, assim como eu, tinha ressalvas e não esperava muita coisa, prepare-se: você vai se surpreender com o mundo cor de rosa da boneca mais empoderada do planeta.
A produção da Warner em parceria com a Mattel é um é um live-action que satiriza o papel das mulheres em sociedade e o conceito de beleza. Barbie é expulsa da Barbielândia por não ser perfeita (seus pés arqueados de repente se tornam chatos) e precisa se adaptar ao mundo real. O filme é dirigido por Greta Gerwig, indicada ao Oscar, e tem roteiro de Noah Baumbach.
Referências de peso
Barbie faz referências a clássicos do cinema, portanto, é preciso certa bagagem para entender e aproveitar ao máximo os quadros que parecem sair do Saturday Night Live. De cara, Stanley Kubrick e “2001, Uma Odisséia no Espaço“, situa Barbie como a boneca revolucionária que retrata a ruptura com o passado. Outra analogia da pesada é a transposição de Ken (Ryan Gosling) como o ingênuo cowboy Joe Buck (Jon Voigth) de Perdidos da Noite, ganhador do Oscar de 1970. Confesso que essa foi uma das passagens que mais gostei.
Barbie madura e ligeiramente grávida
Margot Robbie é uma Barbie madura e isso é um alívio – afinal, não faltam loirinhas de 20 e poucos anos em Hollywood. Margot representa a Barbie 30+ e isso é proposital: o que não precisávamos era justamente uma blondie doll novinha e sectária.
Midge
No universo “quase” perfeito da Mattel, ressurgem modelos deixados pra trás como a eterna grávida Midge em 1964. Mais tarde a Mattel relançou Midge com um barriga removível – o que também não deu certo. Midge foi retirada de linha por supostamente incentivar a gravidez adolescente (oi?). Parte da representação historiográfica do comportamento de massa das mulheres é refletida nas bonecas de seu tempo – intencionalmente claro desde a cena inicial do filme.

Em retrospectiva, não faz muito tempo desde que as barrigas gestantes passaram a não incomodar a sociedade. Em 1971, grávida de Janaína, filha que teve com o cineasta Ruy Guerra, a atriz Leila Diniz colocou um biquíni – considerado pequeno para os padrões da época – e se deixou fotografar na praia de Ipanema, na zona sul do Rio de Janeiro. A fotografia foi estampada em inúmeros jornais e revistas. Naquele tempo, as grávidas, quando iam à praia, usavam uma cortininha sobre a barriga.

Censura ou classificação etária
Sobre a polêmica quanto a Barbie ser ou não um filme para crianças, sob o meu ponto de vista isto é muito mais uma questão etária referente ao entendimento da trama. Como já citei, há diversas alusões que requerem maior bagagem cultural dos espectadores – não sendo impeditivo que não o tenham, mas fato é que acrescentam em muito no aproveitamento da trama.

De outro modo, não há motivo para restrição. As bonecas da tela são assexuadas como no mundo de faz-de-conta da Mattel. Quando citados, as denominações aos órgãos sexuais são desprovidos de segundas intenções. O tema “sexo” passa à margem do roteiro, exceto nos poucos momentos em que Barbie e Ken deixam a Barbielândia rumo ao mundo real. Nesse momento a dupla é vitima de piadinhas machistas – que morrem ali mesmo.
Ótima aos 64
O filme da Mattel tem a Barbie clássica como versão assumidamente estereotipada – a primeira de uma série que hoje conta com modelos de todos os tipos – criada por Ruth Handler há 64 anos, cuja figura consta na história com todos os seus feitos e defeitos.
Barbie Weird: tudo o que deu pra ser
Barbie médica, enfermeira e até presidente. Diferentes umas das outras, todas as bonecas do filme são extremamente felizes, saudáveis e desmioladas. Até que surge a Barbie Depressiva. Como você imagina que ela seria? E afinal, por que Barbie entra em depressão?
O universo perfeito de Barbielândia desmorona quando a boneca, em meio a mais uma das sucessivas noites das garotas, questiona: e se nós morrêssemos amanhã? Mandada para uma conversa com a “Barbie Weird” – a versão recrutada para casos extremos – Barbie conhece o mundo real.
“Eu testemunhei minha irmã e suas amigas fazendo algumas coisas com aquelas Barbies, e acho que todas nós fizemos”, disse Kate McKinnon, intérprete de Weird em uma entrevista em junho para a Fandango
A personagem tão familiar de Kate McKinnon se torna, no fim das contas, a Barbie mais parecida com todas nós: a sobrevivente e excluída que usou corte de cabelo estranho, pintura borrada no olho, roupas confortavelmente masculinas e ainda tenta se encontrar.
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